Por Débora Mabaires, Buenos Aires, para Desacato.info.

Tradução: Elissandro Santana, para Desacato.info.

 

No sábado, 24 de setembro, na cidade de Buenos Aires, dois adolescentes, Ezequiel Villanueva Moya, de 15 anos, e Iván Navarro, de 18, foram sequestrados por 10 indivíduos, espancados e ameaçados com facas e armas.

 

Os interceptaram, os encapuzaram, os colocaram em um carro, os espancaram durante o pequeno passeio, os levaram a um descampado; deram-lhes socos e pazadas nas pernas e nas costas.

 

“Obrigaram-nos a nos jogarmos no chão e a fazer flexões de braços, até que um saltou sobre as costas de Ezequiel e outro me perguntou onde eu queria o tiro”.

 

Os amarraram em um tubo, atiraram para cima, lhes roubaram as jaquetas, em seguida, os sapatos, e, com uma faca em seus pescoços, ameaçaram cortar suas gargantas e tiraram as algemas.

 

Os soltaram, miraram na nuca de Iván Navarro e o obrigaram a rezar um Pai Nosso para não matá-lo.

 

Depois, sempre apontando uma arma para eles, os fizeram fugir com os pés descalços e desesperados enquanto corriam para suas casas, uma distância de cerca de 20 quarteirões de distância.

 

Acompanhados por seus pais, foram formalizar uma denúncia na delegacia na segunda, dia 26. Se encontraram ali com um dos ladrões que estava custodiando o edifício.

 

Os 10 atacantes que os sequestraram, os torturaram e os roubaram são membros da Prefeitura Naval Argentina.

 

E o detalhe que falta: os dois adolescentes, atacados brutalmente, viviam na Vila 21 e pertencem à organização e meio de imprensa La Garganta Poderosa.

 

Longe de ser um caso isolado, a Argentina de Mauricio Macri promete mais violência institucional contra os pobres, os líderes sociais, e, inclusive, contra os juízes que não concordam com o Poder Executivo.

 

O mais grave é o caso da juíza Federal Martina Forns, chefe do tribunal Nº 2 de San Martín, que está sendo perseguida no trabalho; o marido foi demitido do serviço estatal, é insultada por alguns jornalistas e foi ameaçada com explosivo na porta de sua casa com um projétil que atravessou a janela do quarto do seu filho.

 

Outros juízes também são ameaçados, ultrajados e perseguidos por levarem adiante as investigações e julgamentos contra torturadores e assassinos da última ditadura militar, como o Dr Carlos Rozanski e o Dr. Daniel Rafecas.

 

A prisão da líder social Milagro Sala, deputada do Parlasur se acrescenta à detenção ilegal de seu marido e dez outros líderes sociais do grupo Tupac Amaru; bem como a perseguição de seus advogados.

 

O líder do Movimento de Unidade Popular, do Partido Justicialista, Iván Franco, foi preso e torturado junto com Emiliano Mendoza, o proprietário do domicílio ilegalmente registrado na província de Santa Fé.

 

Mendoza foi desfigurado pelos golpes que recebeu e, por isso, tentou tirar a própria vida na prisão pela dor extrema que lhe haviam provocado afirmaram direto do MUP.

 

Pedreiros violentados, estudantes maltratados, líderes sociais detidos e machucados ou torturados psicologicamente são silenciados pelos grandes meios de imprensa.

 

Entre as mais recentes regulamentações governamentais, está a criação de unidades de operação conjunta entre forças diferentes que patrulharão sem fardas, com roupas e carros civis, sem identificação e com armas de guerra; semelhante à patrulha dos tristes célebres Ford Falcon verdes da ditadura, que sequestravam e desapareciam com as pessoas.

 

Parece que Mauricio Macri, incapaz de combater a pobreza com o seu plano econômico neoliberal, decidiu declarar guerra aos pobres.

 

Fonte: Desacato.info

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