Texto e foto de Joana Zanotto

As conversas entre o sindicato patronal das empresas de Jornais e Revistas e o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina chegaram a um impasse no quinto mês de negociação do acordo coletivo de trabalho. Profissionais não aceitaram a proposta das empresas de reposição salarial de 5% frente a uma inflação de 9,83% acumulada no período. A categoria representada pelo SJSC vai ingressar com uma ação (dissídio coletivo) na Justiça do Trabalho.

Jornalistas dos dois maiores grupos de comunicação no estado se mobilizaram modestamente nesta terça-feira (18/10) em frente às suas redações, cerca de quarenta pessoas do Grupo RBS e dez do Grupo RIC Record participaram das assembleias organizadas pelo sindicato.

Parte da redação da RBS TV se vestiu de preto em um protesto silencioso contra o patronato. “Esta é a única coisa que a gente pode fazer. Estamos sofrendo muita pressão, com demissões provocadas sem reposição”, contou uma editora da TV, que  preferiu não ser identificada.

O SJSC passou a ser barrado dentro das redações após publicar o panfleto satírico Calvário Catarinense, em que a manchete do jornal é “Com lucro de 89 milhões RBS nega reajuste para jornalistas”. O panfleto também denuncia as emissoras de televisão, entre elas RBS, BAND SC, SBT SC e RIC Record, por contratarem profissionais do jornalismo como “radialistas” para pagarem salários mais baixos. O piso das/os jornalistas está em R$ 2.100 no estado.

Pressão

As redações estão cada vez mais enxutas. Nos últimos trinta dias, dez pessoas foram demitidas do jornal Notícias do Dia, um motorista e nove profissionais do jornalismo, entre elas/es o repórter Edson Rosa e a chefe de reportagem Patricia Peron. No Grupo RBS foram mais de 200  demissões nos últimos dois anos. Repórteres do Hora SC, DC e ND chegam a escrever cinco matérias por dia para dar conta do fechamento das edições.

O Grupo RBS contrata assistentes de conteúdo, com carga horária de 8 horas/dia, que trabalham com salário bruto de R$ 1.390 realizando funções de jornalista. Um profissional relata que nos dois anos que trabalhou como assistente de conteúdo editava fotos, vídeos e fazia entrevistas. Ele conta que trabalhava na empresa enquanto estudante de jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina, porque “querendo ou não, mesmo com o trabalho precarizado, a grande mídia dá salário e oportunidade de entrar no mercado”.

Outro problema são os constantes casos de assédio moral nas redações. “Nos últimos tempos nós registramos pelo menos dois casos de assédio moral explícito. Os casos são parecidos e aconteceu com dois jornalistas distintos do grupo. Eles foram vetados de realizarem entrevistas no gabinete do diretor-presidente do grupo, senhor Marcelo Petrelli, pelo simples fato de não estarem bem vestidos. Os vetos foram feitos pelo diretor de redação”, nos confiou um jornalista do ND.

Fonte: Maruim

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