Dando continuidade aos debates realizados no último dia 27 de março, a Fenasps – junto das demais entidades que representam servidores da Carreira da Previdência, Saúde e Trabalho (CPST) – participou de uma reunião na Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas do Ministério da Saúde (Cogep/MS) nessa terça-feira, 23 de abril, às 14h.

Foi a quarta reunião sobre esta pauta em 2024; as anteriores ocorreram em 27 de março (terceira), 6 de março (segunda) e 5 de fevereiro (primeira). Na reunião dessa terça, 23, A Fenasps foi representada pelos diretores Cleuza Faustino, Laura Gusmão, Lincoln Ramos, Ana Lago e Regina Lima. E as representantes regionais de São Paulo: Francinete Silva Manzan, Fernanda Trindade de Almeida e Euzinice Ferreira de Souza.


Participaram também dirigentes das entidades sindicais CNTSS e Condsef. Já pelo governo, participaram da reunião da coordenadora da Cogep/MS, Etel Matielo e a sua assessora, Daniela Carvalho.

Logo de início, a coordenadora-geral da COGEP/MS informou que a Nota Técnica que fundamenta e subsidia a proposta de Reestruturação da PST foi enviada na íntegra, contendo o reajuste nas tabelas salariais incluindo a memoria de cálculo da proposta das Entidades Sindicais, pelo gabinete da ministra da Saúde, por meio do Ofício nº 1030/2024, registrado no Processo SEI 140122.031241/2024-32, ao Ministério de Gestão e Inovação (MGI), em 19 de abril.

Informou ainda que não seria possível disponibilizar a íntegra da Nota Técnica, mas repassou o despacho com o resumo das principais questões apresentadas.

Veja aqui: Ministério da Saúde disponibilizou um resumo com as justificativas enviadas ao MGI para reajuste nas tabelas salariais dos servidores da CPSTBaixar

A coordenadora do MS declarou que o MGI afirma não haver previsão orçamentária para qualquer alteração nas tabelas salariais em 2024. Mesmo se as negociações avançarem na Mesa Específica e Temporária da CPST, a intenção do governo é efetivar elevação nas tabelas salariais apenas em 2025, e de forma parcelada.

A coordenadora adiantou ainda que a próxima reunião da Mesa Específica e Temporária da CPST, conforme informações ocorrerá até o dia 2 de maio, em data a ser definida.

Novamente, as entidades sindicais ressaltaram o caráter de urgência e de extrema dificuldade financeira pela qual passam os servidores da Saúde Federal. O clima geral dentro da categoria é de insatisfação e de desilusão com o futuro ou mesmo com o presente.

Para piorar o cenário, os servidores e servidoras sentem que não têm o apoio, de fato, da ministra da pasta, Nísia Trindade, que até o momento não se manifestou publicamente em favor da reestruturação remuneratória dos servidores da Saúde – como fizeram as ministras da Cultura e do Meio Ambiente, Margareth Menezes e Marina Silva, respectivamente, e o ministro da Educação, Camilo Santana.

Como sugestão, a Fenasps salientou que o ministro Camilo Santana tem se mobilizado para buscar verba extra para os seus servidores vinculados à Educação Federal e que o Ministério da Saúde tem uma verba discricionária de R$ 93 bilhões que poderia usar parte dela para reajuste já em 2024.

A coordenadora da Cogep/MS se comprometeu a cobrar da ministra da Saúde uma declaração pública em favor da reestruturação da Carreira dos trabalhadores da Saúde. Contudo, ela salientou que o despacho do gabinete do Ministério da Saúde ao MGI é uma prova de que o ministério está dando andamento às reivindicações dos trabalhadores, ainda que tenha admitido que “o tempo da burocracia é diferente“, e que as coisas não acontecem na velocidade que “gostaríamos ou necessitamos”.

PRESSÃO DAS GREVES

Representantes da Fenasps argumentaram ainda que o cenário dentro do funcionalismo federal deve perpassar os movimentos grevistas que estão ocorrendo no momento, que a Federação está em comando nacional de mobilização e que os estados estão realizando assembleias sobre mobilização e greve, considerando o Estado de Greve aprovado na Plenária Nacional de 17 de março.

A Fenasps salientou que é de extrema importância que os gestores e os servidores e servidoras dos ministérios que compõem a PST além da Saúde – Previdência e Trabalho – estejam incluídos nesse debate, já que a norma que rege os servidores da PST impacta diretamente a todos e todas.

Os representantes da Federação lembraram ainda que essa discussão não pode ser rebaixada, ou seja, que a proposta deve ser construída a partir dos maiores salários e os outros serem puxados para cima e não o contrário. Também foi ressaltada a necessidade de serem feitas algumas correções históricas que geraram o fato do MS ter os menores salários do Executivo Federal.

A coordenadora da Cogep/MS afirmou, entretanto, que o impacto financeiro das tabelas apresentadas pela Fenasps e demais entidades se refere exclusivamente aos servidores da Saúde, por isso a importância dos gestores do Ministério do Trabalho e da Previdência participarem do debate.

CARREIRA ÚNICA DO SUS

A Fenasps questionou ainda sobre a proposta de criação de uma carreira única do SUS, conforme mencionado na última reunião. A coordenadora da Cogep/MS respondeu que está é uma questão complexa, que só no Ministério da Saúde existem 11 tabelas salariais distintas, e que envolve os estados e município.

Portanto, para a coordenadora da Cogep/MS, essa carreira vai demandar um grande esforço e que deve ocorrer em médio ou longo prazos, perpassando em primeiro lugar pelo censo dos servidores do SUS que é em si um processo demorado e portanto. A carreira “não deve ocorrer nos próximos dois ou três anos“, afirmou Matielo.

EXAMES PERIÓDICOS

Nesse semestre ainda, segundo a coordenadora da Cogep, o MS vai iniciar a realização dos exames periódicos para todos os servidores, inclusive os cedidos, uma luta histórica da Fenasps e demais entidade sindicais nacionais.

O MS já está implementando a assinatura dos contratos com as empresas que realizarão esses exames. Em relação aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de endemias (ACE), o Ministério da Saúde está firmando parceria com a FIOCRUZ. Esse processo de elaboração de uma proposta de cuidado à saúde dos servidores em parceria com a FIOCRUZ resultará em um projeto-piloto no DF que, se for bem sucedido, deverá ser estendido aos demais estados. Esta proposta visa diagnosticar questões relativas às condições de trabalho e saúde dos servidores(as), cedidos ou não.

Questionados sobre a questão dos hospitais federais do Rio de Janeiro, a gestão respondeu que por ora pretendem prorrogar os 1,6 mil contratos temporários para os terceirizados que atuam nos hospitais federais na capital fluminense.

MESA SETORIAL

Em relação à Mesa Setorial de Negociação Permanente do Ministério da Saúde (MSNP/MS), a Consultoria Jurídica (Conjur) do MS já fez os ajustes necessários para a tramitação da instalação desta mesa – conforme havia sido debatido na última reunião.

A coordenadora da Cogep afirmou que, mesmo que a parte burocrática não esteja finalizada, defendeu a ideia que a próxima reunião que ocorra em maio, e que cada entidade sindical poderá indicar três representantes, titulares e suplentes. Se comprometeu a enviar a minuta para as entidades sindicais avaliarem e destacou a importância de as entidades indicarem as pautas para a próxima reunião. As entidades lembraram da importância da participação dos suplentes nas reuniões.

Também lembrou da possibilidade da instalação das mesas setoriais nos estados, o que as entidades destacaram a necessidade de um oficio para as superintendências orientando esse procedimento.

Vale ressaltar que a MSNP/MS é apenas uma das mesas que compõem os espaços de negociação com o Governo. Veja a explicação no quadro abaixo:

Nome Âmbito (órgão) Tramitação Finalidade
Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP) MGI Foram realizadas oito reuniões desde julho de 2023. Última reunião foi em 10 de abril Debate do conjunto dos SPFs
Mesa Específica e Temporária da CPST MGI Realizada apenas a reunião de “apresentação”, em setembro/2023 Debate específico da CPST (pautas econômicas)
Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS (MNNP-SUS) Min. da Saúde Reativada em 2023, conta com a participação da FENASPS na bancada sindical (saiba mais aqui e aqui); Debate na perspectiva dos usuários e trabalhadores do SUS
Mesa Setorial de Negociação Permanente do Ministério da Saúde (MSNP/MS) Min. da Saúde desativada em 2019 (última reunião ocorreu naquele ano), na gestão Bolsonaro, existia desde 2003 Debate específico das pautas não-econômicas da Saúde
       

Fonte: Fenasps

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